"now put your hands up!"

quarta-feira, 7 de abril de 2010

DROPS 19

existe um poder muito grande em passar por todas as 24h de um dia com a mesma intensidade que se começa ou se vive algumas horas específicas.

ontem acordei no cúmulo do mau humor, mas as coisas tinham de ser resolvidas; além disso havia a certeza de que alguma coisa de boa haveria de acontecer, afinal, são vinte-e-quatro horas, apesar de a música de calvin harris grudada na minha cabeça dizer "this must be the worst day of my life". porém, os detalhes exuberantes começaram a surgir.

após semi-brigar com ceci sobre a necessidade de buscar os artesãos do "cristo liberta" para montar a instalação, categórica, ela me lembrou "nós combinamos com eles e não se pode desmarcar com as pessoas em cima da hora depois de toda a expectativa." meu ego inflamou, ela com certeza percebeu meu olhar fulminante por trás dos óculos escuros. mas lá fomos eu e bolana buscar andré brito, samuel alves e ramon soares no “centro de recuperação educacional cristo liberta”.

eu sei lá qual era a minha resistência, talvez fosse a preguiça de dirigir até o bairro conveima - longe pra cacete, - mas lá estavam eles com um brilho intenso nos olhos com algo que provavelmente era o ápice de suas vidas. este trabalho de curadoria estava por me render boas conversas ao longo deste “dia d”, pois após deixar os artistas no pev, fui com di comprar os materiais e milhares de conversas e revelações se seguiram.

a amizade é uma coisa tão delicada em nossas vidas; facilmente confundida com "quantidades", a gente tende a esquecer a fina linha entre a confiança e o contrário total. um clichê que me é recorrente é o "não ponho minha mão o fogo por ninguém," e realmente não o faço, nem pelos amigos; gosto de pensar que os verdadeiros amigos jamais exigiriam que eu o fizesse, pois eles sabem o quanto posso dar e respeitam essa linha tênue de confiança; talvez eu esteja deslumbradamente equivocado, mas este comportamento tem me servido bem até então, e a conversa com di só me confirmou quem são os poucos nesse mundo que eu considero família.

e quando a noite chegou num piscar de olhos, já tínhamos 85% da instalação montada. di solucionou o problema em deixar os patos de papel suspensos, purki resolveu a vontade de fazê-los realmente voar, agora eu tinha que resolver minha vida e tomar um banho rs. quando retornei ao cine pev, me deparo com isso e penso "wow, missão cumprida!":




e o espaço do "cine pev" continuou sendo assunto ao longo da noite, enquanto eu, purki, di e marco conversávamos na olivia temakeria & lounge. conseguimos ao longo dos meses de existência realizar duas exibições interessantíssimas e com trabalho de curadoria inovador e diferente do que acontece em conquista. nenhuma exposição que vimos desde o fim do café don'antônia teve o trabalho de criação em curadoria como temos feito no foyer do "cine pev" e é uma pena que, até mesmo a ala interessada da cidade, se interesse muito pouco em prestigiar essas coisas. porém admitimos nossos pontos de falha, como nos organizarmos com mais antecedência para fins de divulgação.

mas no fim das contas força de papel é uma instalação simples, porém com conteúdo: a delicadeza dos patos, feitos de papéis dobrados e colados, suspensos e dispostos em formato "v", remete à formação de vôo dos patos migrantes em busca do calor do sul, que assim posicionados têm a força conjunta em romper a resistência dos ventos. os garotos desenvolveram a técnica a fim de ocupar o tempo ocioso, em que a mente divaga pelas instâncias obscuras da abstinência, e talvez não tenham percebido a poesia escondida na simplicidade das peças que produzem com papel de loteria, trazendo à tona dois aspectos interessantes da vida humana: a liberdade e a confiança.

as duas, assim como no exemplo de coletividade dos patos, são peças importantes da amizade.

e por enquanto c'est ça.
x.o.x.o.

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